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mitologia tupi-guarani é o conjunto de narrativas sobre os deuses e espíritos dos diversos povos tupi-guaranis, antigos e atuais. Juntamente com as cosmogonias (narrativas de criação do universo), as antropogonias (sobre a criação da humanidade) e os rituais, é parte das religiões destes povos.

A Criação[]

INDIOS (342)

Tupã criando o mundo

No início de todas as coisas, Tupã criou o infinito cheio de beleza e perfeição. Povoou de seres luminosos o vasto céu e as alturas celestes, onde está seu reino. Criou então, a formosa deusa Jaci, a Lua, para ser a Rainha da Noite e trazer suavidade e encanto para a vida dos homens. Mais tarde, ele mesmo sucumbe ao seu feitiço e a toma como esposa.

Formou um lugar de delícias para os bons e um lugar tenebroso para os maus. Neste lugar vagam as almas sem vida e os espíritos dos guerreiros sem glórias ou fugidos das tribos. Tupã, após uma batalha, lançou para este lugar sombrio, seu temível e poderoso inimigo Anhangá, Deus dos Infernos, chamando estes lugares de regiões infernais. Juntamente com este impiedoso deus, a este mundo subterrâneo também forma dirigidos: o Jurupari (na versão em que ele é um demônio seguidor de Anhangá), que ficou conhecido como mensageiro deste deus cruel; Ticê, que se tornou esposa do deus das trevas; Xandoré (ave falconídea e irmão de Anhangá), o deus do ódio e Caramuru. Este era o reino do pavor, do ódio, da dor e da vingança.

No alto dos céus, sentado em seu trono, Tupã criou milhares de criaturas celestes que executavam suas ordens e o louvavam. Fez nascer sobre os verdejantes mares os Sete Espíritos e os gênios que, governavam os oceanos e habitavam na sagrada Loca, que é a habitação dos deuses marinhos no fundo das águas. Do mesmo modo, nasceram as Sete Deusas:

  • Guaipira, a deusa da história;
  • Pice, a deusa da poesia;
  • Biaça, a deusa da astronomia;
  • Açutí, a deusa da escrita;
  • Arapé, a deusa da dança;
  • Graçaí, a deusa da eloqüência;
  • E Piná, a deusa da simpatia.

Depois criou para a alimentação dos deuses, o divino Ticuanga, o bolo feito de massa de óleos e outras iguarias deliciosas para alimentar e deleitar os imortais. Mandou em seguida, preparar o sagrado Tapicurí, o vinho dos sacros deuses e Tamaquaré, a fina essência aromática usada pelos Senhores da Eternidade. Estabeleceu as horas, os minutos e os segundos. Fixou as estações e as mutações. Deu uma forma estável e regular ao Universo e instituiu o Nadir e o Zênite. Fez nascer à reciprocidade e criou:

  • Catú, o deus outonal;
  • Mutin, o deus da primavera;
  • Peurê, o senhor do verão;
  • e Nhará, que preside o inverno;

Para concluir sua obra, Tupã veio ao mundo e fez o homem e deu-lhe como companheira a mulher e logo eles se multiplicaram e encheram toda a terra. O poderoso deus tomou então das suas criaturas e ensinou-lhes a arte de tirar do seio da terra, ricos legumes e frutas, trabalhar com barro e argila e do férreo Ubiratã, fazerem as mais fortes lanças e armas de guerra. Depois transmitiu aos homens todo o conhecimento sobre os remédios para todas as doenças. Finalmente, ensinou-lhes as artes que tornam a vida mais suave a amena.

Abençoou o sagrado Ibiapaba, Monte Sagrado dos Deuses Brasileiros e nele permitiu a permanência das Parajás, do bondoso Inoquiué, das Parés, de Solfã e de outros deuses imortais. Até ele próprio lá comparecia, vez por outra.

Batalha contra Anhangá[]

Tupã contra Anhangá

Tupã contra Anhangá

Alegres viviam os homens, mas eis que um dia, Anhangá, cheio de inveja, transformado numa bela e astuta jararaca gigante, soprou no ouvido dos homens a maldade e ainda que os outros desues protetores vagassem em torno deles para ajudá-los, nada conseguiram. Os homens então, começaram a ser dominados por uma grande ambição e as Parajás, deusas do bem, da honra e da justiça, que eram inseparáveis, envolveram o corpo com brancas plumas e abandonaram os mortais, voltando para junto dos deuses eternos. Ódio e discórdia foram se espalhando pela terra, e deste modo os maus sentimentos ganharam o mundo e os mortais tiveram o conhecimento do mal, da injustiça e amaram mais a maldade do que as belas virtudes.

No alto dos céus, com os outros deuses, Tupã dominava, desdeo começo dos tempos e numa grande batalha, vencera o cruel deus Anhangá, senhor dos infernos e seu irmão, o deus Xandoré.

Com o seu poder, Tupã aprisionou o deus do ódio na sagrada serra do Ibiapaba. Algum tempo depois, ele foi solto por Jururá-Açu a bela imortal. Por castigo, Tupã, fez nascer nas costas desta deusa uma espécie de concha, e cobriu-lhe o corpo todo como uma cor amarelada e Jururá-Açu transformou-se na feia e horrível tartaruga que habita as águas doces dos rios.

Assim, pode Tupã se gloriar de ter vencido todos os que se opunham a ele.

Arrependimento de Tupã[]

Após derrotar todos os seus inimigos Tupã começou a se arrepender de ter criado os humanos, e assim decidiu que deveria destruir a terra e todos os homens. Através de um concelho com os deuses, foi decidido que a terra deveria ser engolida pelas águas das chuvas. Desta forma, Polo aprisionou os ventos na forte e gigante palmeira ubuçú.

As águas invadiram toda a terra levando com elas as ocas, as tabas, as árvores e os templos. Tribos numerosas eram engolidas e arrastadas pela inundação e os que escapavam das águas, morriam nas alturas dos montes por determinação de Tupã.

Quando Tupã apazigou sua ira, viu o mundo submerson em águas mortas e apenas um casal de homens reverentes para com os eternos, contemplavam os céus: Açu e Pirá. Neste instante o senhor dos mundos, fez baixar as águas e surgiram novamente as montanhas, a planície e a terra seca.

Açu olhou a sua volta e viu tudo mergulhado no silêncio da morte. As lágrimas começaram a molhar sua face, quando perguntou a Pirá:

- Somente nós não sucumbimos no cataclismo, o que faremos sós e abandonados nesta imensidão?

Os deuses então falaram para eles:

- Olhai três vezes para os céus e dizei: descobrimo-nos perante vós deuses imortais, curvamos as nossas cabeças perante vossas ordens. Depois, tomai grande porção de areia e atirai para o alto.

Sem hesitar por um segundo sequer, atiraram os grãos e areia, que mal sairam do chão, viram que deles surgiram imagens, formas humanas. E, desse modo, com o auxílio divino, nasceram milhares de homens e mulheres e essa geração humana vindo de um só ramo Tupi, encheu todo o lendário Brasil.

Bibliografia[]

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